quinta-feira, 25 de junho de 2009

Do Sertão de Taubaté ao Sertão do Rio Pardo

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Por Roberto Sandoval : rlavodnas@hotmail.com ou rlavodnas@gmail.com
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Introdução :
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Jacques Félix foi um bandeirante paulista que fundou a localidade de Taubaté em 1639, que viria a ser elevada à categoria de vila pelo capitão-mor Dionísio da Costa no dia 5 de dezembro de 1645.Silva Leme estuda sua famíia na «Genealogia Paulistana», pág. 463, cap. 3º Vol.V e pág. 66, Vol. VII
Morador chamado «opulento» de São Paulo obteve provisão de uma sesmaria concedida por Francisco da Rocha, capitão-mor e governador da capitania de Itanhaém, em nome da donatária, a condessa de Vimieiro, Dona Mariana de Sousa Guerra, nas paragens onde futuramente se ergueria Taubaté.
Desde 1598 tinha sesmaria no caminho do Ibirapuera, em 1608 esteve na bandeira de Martim Rodrigues Tenório de Aguilar contra os índios bilreiros, combatera com seus filhos os índios puris, guaruminis ou guarulhos, e caetés no alto rio Sapucaí e na vertente além da Mantiqueira.
Viera conquistar as terras dos índios jerominis e puris, em aumento da dita capitania, entrando com corpo de armas e apoderando-se do país, como se dizia, fundando o arraial de Taubaté. Este nome provinha de Tabua-mta, cana com que se faziam esteiras - o chamado «sertão de Taubaté» para os cronistas era o «sertão das tábuas».

Conta-se que se unira aos índios teremembé contra os índios os catu-auá, transpondo para isso a Mantiqueira, e repelindo-os para o sertão do Pium-i e do Tamanduá.
Em 1632 o capitão Jacques Félix, depois chamado o Velho, obteve sua sesmaria o que constaria dos autos do inventário de seu filho, Jaques Felix, o Moço, em 1716.

Removeu-se para lá com família, escravos, camaradas e animais. Constituído procurador da condessa, desenvolveu a colônia que prosperou, erigida em vila de São Francisco das Chagas de Taubaté em 1645 - o foro instalou solenemente em 2 de janeiro de 1646. Deineava-se assim a formação do povoado de Taubaté, sendo ele o pioneiro, instalando-se ali com sua família e muita quantidade de «bugres administrados», como os cronistas chamam os índios, além de cavalos e bois. Levantou a primeira igreja do lugar. Mais ao Norte, em extenso campo fronteiro a alguns contrafortes da Mantiqueira, surgiu o núcleo de Santo Antônio de Guaratinguetá, em 1656.
Deixou três filhos, povoadores de Taubaté:
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1.Capitão Belchior Félix (morto em 1658 em Taubaté) que casou com Ana Sarmento. Foram pais do alcaide-mor e capitão Manuel Vieira, nascido no Rio de Janeiro, em 1671 capitão do socorro enviado à Bahia sob o comando de Estêvão Ribeiro Baião Parente contra os índios; Manuel casou com Marta Moreira, filha de Manuel Rodrigues de Alvarenga (reinol de Lamego que casou no Rio de Janeiro), sendo pai de Guiomar de Alvarenga, segunda mulher de Francisco Alvares Correia (nascido em Vila Real de nobre família) provedor da Fazenda Real da capitania de São Vicente. Teve, nascidos em Moji das Cruzes, os filhos: Andresa de Castilho, João Correia, Marta Moreira acima, José de Castilho Moreira, Francisco Alvares Correia, Manuel Rodrigues Moreira e Antônia de Castilho.


2.Jacques Félix o Moço


3.Domingas Dias Félix.

Cap. I – Jacques Félix - o flamengo

Jacques Félix , o flamengo , nasceu por 1540 , veio para São Vicente e casou-se nesta vila por 1569 com uma filha de povoadores da Capitania. (Revista Asbrap vol.12 - Povoadores de São Paulo)

“Jaques Félix serviu no posto de comandante da fortaleza de Bertioga , sendo já falecido no final de 1605. Teria comprado de Jorge Ferreira , em Santos , casas térreas , no páteo , e chãos que depois pertenceram a seus filhos.
A 20 de Dezembro de 1605 , conforme escritura lavrada nesse porto pelo tabelião Antonio de Siqueira , o condestável João Rodrigues , do forte denominado Pinhão da Vera Cruz (de S. Magestade) e sua mulher Grácia Rodrigues vendiam as ditas casas , que possuíam por título de compra dos herdeiros de Jaques Félix Flamengo , que Deus tem ...... (RJHGSP,XLIV,281)”.

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Faleceu a mulher de Jaques em data ignorada.

Deixou os seguintes filhos :

1) Cap. Mor Jaques Félix , fundador oficial de Taubaté , nascido por 1570 , que segue

2) Ascensa Félix , n. por 1580 , casada com Lourenço Nunes.

3) Isabel Félix , n. por 1576 , casada por 1594 com Diogo Sanches , espanhol , morador em São Paulo. Faleceu com testamento e disposições pias em 1596 ; casou o viúvo com Apolônia Pais e faleceu em 1598 , sendo inventariado em processo conjunto com a primeira mulher.
Nomeou Isabel Félix o testamenteiro , seu tio Domingos Luís Carvoeiro , e fez uma deixa a sua sobrinha Antonia (Inv. e Test. , I , 123) , tiveram por filho Miguel Sanches , nascido em 1595 , que foi tutelado de seu tio Jaques Félix. Faleceu solteiro em São Paulo , com testamento e disposições pias a 11 de dezembro de 1620. Deixou a metade de seus bens a sua tia Francisca Gordilho "por me criar" e a outra metade a sua prima Catarina Félix , para a ajuda de seu casamento (id. , 179).

Faleceu a mulher de Jaques Félix Flamengo em data ignorada.

Cap. II - Capitão Mor Jacques Félix , fundador de Taubaté

Cap. Mor Jaques Félix , nascido por 1570 , casado antes de 1596 , conforme os autores , com uma filha de Pedro Gomes , já falecido em 1598 , e de sua mulher Isabel Afonso (v. Inv. e Test. , I , 138).
Casou segunda vez , por 1596 , com Francisca Gordilho , nascida por 1580 , filha de povoadores da Capitania , segundo as cartas de sesmarias.
A 18 de dezembro de 1598 , com André Escudeiro , seu vizinho de muitos anos , ambos casados e com filhos obteve da Câmara carta de chãos para casa e quintais , no caminho do Ibirapuera (Carta de Datas , I , 116 e 117).
Segundo Carvalho Franco , de 1608 em diante , esteve no sertão , na bandeira do capitão Martim Rodrigues Tenório de Aguilar , aos bilreiros , que retornou em 1610 a São Paulo (v. Inv. e Test. , I , 165).
Registrou na Câmara , em 1615 , dez administrados do gentio Carijó (RGCSP , VII , 140) e seguiu em diversas entradas ao sertão.
Exerceu em São Paulo os cargos de Procurador do Concelho em 1617 e de vereador em 1632 (ACCSP , II , 107 e 108) e , em 1616 , foi provedor da Misericórdia (v. Inv e Test. , XIII , 78).
Por despacho do capitão mor Baltazar de Seixas Rabelo , a ..... de agosto de 1616 , recebeu , com Manoel Carvalho , sesmaria no termo da povoação nova da Ilha Grande (Angra dos Reis) povoação estabelecida pouco anos antes (Sesm. , I , 220 e 221). Parece ter deixado a sesmaria em posse de Manoel Carvalho.
A 22 de novembro de 1628 , com seus filhos Domingos e Belchior (todos filhos e netos de povoadores) obteve por despacho do capitão mor João de Moura Fogaça , governador da Capitania de Nossa Senhora da Conceição de Itanhaem , sesmaria de uma legua e meia de testada entre as regiões de Pindamonhangaba e Tremembé (vagamente referidas) ; recebeu cada requerente meia legua de terras em quadra , a testada rio Paraíba acima e à margem direita.
Situava-se sua sesmaria , a primeira , no lugar onde hoje existe a cidade de Tremembé , com o sertão ao rumo sueste , distando cerca de meia légua do rio Iuna , e as sesmarias de seus filhos vinham logo em seguida , aproximando-se do lugar da futura povoação de Taubaté. Nos contornos desse lugar estaria localizada a tapera do gentio , mencionada na carta de sesmaria (Guisard,Felix , Jaques Felix - Achegas à história de Taubaté).
Em 1639 , a sesmaria obtida pelo povoador Baltazar Correia , conforme requerimento ao capitão mor Calisto da Mota , declarada "da banda da povoação nova" (de Taubaté) com meia legua de testada e o sertão ao rumo sueste , limitava-se rio Paraíba acima com a mencionada sesmaria de Jaques Felix (em Tremembé) e no rio Paraíba abaixo com a barra do rio Iuna.
O nome Iuna , conforme a carta original no Arquivo Público de São Paulo , ou do rio atualmente denominado Una , por erro paleográfico , está escrito Pina na carta impressa das sesmarias , (Sesm. , I , 474). O sertão dessas sesmarias , da região do rio Una , seguia as terras altas , do sudeste , hoje nas proximidades da rodovia Taubaté a Pindamonhamgaba.
Antonio de Alvarenga e Simão Machado , requerentes com Baltazar Correia , tiveram cada um meia légua de terras de testada , rio Paraíba abaixo (sertão ao sueste) a partir da barra do Iuna , em direção ao lugar de Pindamonhangaba (Sesm. , I , 474). Outra sesmaria , de uma légua , pedida na mesma carta por Baltazar Correia , começando na barra do Iuna , seria localizada rio Paraíba abaixo à margem esquerda em direção à região de Pindamonhangaba.
A 20 de Janeiro de 1636 , recebeu Jaques Félix provisão do capitão mor Francisco da Rocha , dada na Vila de Itanhaém , para iniciar fundação de Taubaté (provisão registrada nos livros da Capitania pelo escrivão Roque de Gouveia).
Em Junho de 1639 , teve confirmada a provisão por um despacho do capitão mor Vasco da Mota , em nome da condessa de Vimieiro , D. Mariana de Souza Guerra (AHMFG). A 5 de dezembro de 1645 , foi a povoação de Taubaté declarada Vila , por provisão do capitão mor e Ouvidor Antonio Barbosa de Aguiar , governador da Capitania de Itanhaém.
O capitão mor Jaques Félix era já falecido em novembro de 1658 ;fez testamento e doou a terça para sua mulher Francisca Gordilho.

Teve do primeiro matrimônio , ao menos , a filha :

1) Antonia Dias , nascida antes de 1598 que seria casada com Francisco de Gaia (v. Inv. e Test. , I , 169).

Do segundo matrimônio , com Francisca Gordilho :

2) Cap. Domingos Dias Felix cc Susana de Góis

3) Cap. Belchior Félix cc Ana Sarmento (creio que parenta de João Vieira Sarmento , escrivão da Câmara em 1607) , que segue no cap. seguinte
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4) Catarina Dias Felix , nascida por 1607 , que em 1620 , com sua mãe Francisca Gordilho , foi instituída herdeira , em testamento , do remanescente dos bens de seu primo Miguel Sanches , falecido solteiro , com vinte e cinco anos de idade , em São Paulo. Nada se sabe , ao certo , a respeito de seu casamento.


Cap. III – Cap. Belchior Félix

Cap. Belchior Félix , nascido por 1600 , casado por 1630 com Ana Sarmento. Foi para a cidade do Rio de Janeiro , onde permaneceu por alguns anos. Voltou a residir em Taubaté , nas suas propriedades do bairro de Tremembé. Faleceu com testamento , escrito em 1647 (?) e aberto pelo juiz João Ribeiro de Lara em 1657. Determinou ser sepultado na igreja matriz de S. Francisco e nomeou testamenteiro seu filho Belchior Félix. Dispôs um trintário de missas e mais onze missas em louvor a Nossa Senhora e ao anjo de sua devoção. Menciona vinte e cinco administrados do gentio.
Declararam-se no inventário duzentas braças de terras no ribeirão das Pedras e outras terras místicas , de todos os herdeiros (seus irmãos etc). Sua mulher ainda vivia em 1647 (Guisard , Jaques Félix).
Tiveram , ao menos , os seguintes filhos :

1) Catarina , batizada no Rio de Janeiro (Candelária , 1o , 35) a 04/03/1640 (PFRJ , II , 21).

2) Cap. Belchior Félix Perestelo cc Andresa de Castilho.

3) Alcaide Mor Manoel Vieira Sarmento cc Maria Moreira , que segue

Cap. IV – Alcaide Mor Manoel Vieira Sarmento

Alcaide Mor Manuel Vieira Sarmento , nasceu no Rio de Janeiro por 1633 , casado cerca de 1652 com Maria Moreira , nascida por 1636 , filha do capitão Francisco Álvares Correia e de sua mulher Guiomar de Alvarenga (Título Álvares Correias).
Exerceu em Taubaté os cargos de juíz ordinário e de órfãos em 1669 e 1682 (AHMFG). Em 1671 , no posto de capitão seguiu para a Bahia com o governador Estevão Ribeiro Baião Parente (SL , V , 433). Antes de 1691 , foi nomeado alcaide mor (AHMFG).
Faleceu sua mulher com testamento e disposições pias , em 1675 , e casou o viúvo com Domingas da Veiga (SL , VIII , 65).
Viveu em Taubaté por muitos anos e faleceu com testamento em 1720 (AHMFG).

Teve do primeiro matrimônio com Maria Moreira :

1) Cap. Mor Belchior Félix Correia cc Violante de Siqueira

2) Joana de Castilho cc Antonio Delgado de Oliveira , que segue

3) Leonor Moreira , beata (freira) , nascida por 1663 , compareceu como madrinha de diversos sobrinhos nos batismos , em Taubaté. Ainda vivia em 1733 (AHMFG)

4) Gaspar , nascido por 1665

5) Ana Moreira , cc o capitão mor Antonio Correia de Abreu

6) Páscoa Moreira , nascida por 1672 , cc Domingos Gonçalves da Silva

7) Francisco Vieira Sarmento , nascido por 1674 , cc Joana Pires de Brito (Pires de Araújo).

Do segundo matrimônio , Domingas da Veiga :

8) Francisca Vieira , batizada a 3 de Outubro de 1689 , solteira em 1720

9) Manuel Vieira , batizado a 3 de Agosto de 1692 , solteiro em 1720.

10) Eusébio Vieira da Cunha (ou Sarmento) , batizado a 29 de Agosto de 1694 , cc Domingas da Silva Ribeiro (SL , VIII , 65).

11) Domingos , batizado a 13 de Agosto de 1696.

12) Maria Vieira Sarmento , cc Jaques de Almeida.

13) Pedro Vieira de Oliveira , que era casado em 1720.

14) Catarina de Sene , cc João Rodrigues Moreira.


Inventário e Testamento de Maria Moreira

Ano de 1.675

Inventário que mandou fazer o juiz ordinário e de órfãos , pela lei , Antonio de Barros Freire , por morte e falecimento de Maria Moreira.

Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil seiscentos e setenta e cinco anos , nesta Vila de São Francisco das Chagas [Taubaté] , aos vinte e tres dias do mês de Maio do dito ano , em sítio e fazenda do viúvo , o Capitão Manuel Vieira Sarmento , junto a esta Vila , donde veio o Juiz ordinário e de órfãos , pela lei , Antonio de Barros Freire. E sendo lá , achou o dito Juiz ao dito viúvo , o Capitão Manuel Vieira Sarmento , marido da dita defunta , Maria Moreira , a quem o dito Juiz deu juramento dos Santos Evangelhos , sob cargo do qual lhe encarregou que bem e verdadeiramente desse a inventário todos os bens e fazenda que ficaram por morte e falecimento da dita sua mulher , Maria Moreira : dinheiro , ouro , prata , encomendas e seus procedidos , peças escravas e do gentio da terra , conhecimentos e escrituras , cartas de datas , dívidas que o casal se devam e , pelo conseguinte , que o casal deva ; e que se declarasse se a dita sua mulher fizera testamento , o qual logo exibiu e fica acostado a este Inventário , e os filhos que dentre ambos ficaram , sob pena de , sonegando ou encobrindo alguma coisa , incorrer nas penas da lei e de ser tido por perjuro. E os filhos que dentre ambos ficaram eram os abaixo nomeados , de que o dito Juiz mandou fazer este auto de Inventário , que assignou com o dito Juiz Sebastião Martins Pereira , escrivão de orfãos , o escrevi.
Antonio de Barros Freire.
Manuel Vieira Sarmento.

Título de Filhos

Joana de Castilho , casada com Antonio Delgado de Oliveira
Belquior
Leonor
Ana
Gaspar
Páscoa
Francisco
Todos de menor idade.

E logo , pelo dito Juiz , digo , nos ditos dias mês e ano atrás declarados , pelo dito viúvo , me foi dado o testamento da dita defunta , Maria Moreira , o qual li e fica acostado a este Inventário , e é tal como dele se verá depois neste termo , Sebastião Martins Pereira , escrivão , o escrevi.
E logo , nos ditos dia , mês e ano atrás declarados , pelo Juiz ordinário e de orfãos , pela lei , Antonio de Barros Freire , foi dado juramento dos Santos Evangelhos aos avaliadores e partidores Belquior Jorge de Castro e Alberto Lobo Louzada , para que avaliassem todas as coisas que lhe fossem mostradas , tocantes e pertencentes a este Inventário , o que prometeram fazer conforme Nosso Senhor lhes desse a entender , onde assinaram com o dito Juiz , Sebastião Martins Pereira , escrivão dos orfãos , o escrevi.
Alberto Lobo Louzada.
Belquior Jorge de Castro Freire

Título de bens móveis

- Uma espingarda de cinco palmos e meio , com seus fechos , avaliado em 3$000.
- Outra espingarda , avaliada em 1$500.
- Outra espingarda , avaliada em 1$280.
- Quinze enxadas novas em uma pataca cada uma , monta 4$800.
- Seis foices de roçar novas , avaliada cada uma em 1$920.
- Quatro machados velhos , avaliada em meia pataca cada uma , monta $640.
- Quatro ovelhas , avaliada em dez tostões cada uma , monta 4$000.
- Uma frasqueira com nove frascos , avaliada em 2$500.


Bens de raiz

- Um sítio com trezentas braças de terras , donde mora o dito viúvo , junto a esta Vila , avaliado em 8$000.

E declarou mais o dito viúvo , o Capitão Manuel Vieira Sarmento , que as terras e chãos que tem nesta Vila estão por partir entre os herdeiros de seu pai , e que , se liquidando , se farão partilhas entre ele e seus filhos menores.

Testamento

Em nome da Santíssima Trindade , Padre , Filho e Espírito Santo , três pessoas e um só Deus verdadeiro.
Saibam quantos este instrumento e cédula de testamento virem que , no ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil seiscentos e setenta e quatro anos , aos onze dias do mês de Dezembro da mesma era , estando eu , Maria Moreira , natural da Vila de Mogi [das Cruzes] , e moradora nesta Vila de São Francisco das Chagas [Taubaté] , doente em cama , de doença que Deus me deu , e em meu perfeito juízo e entendimento , temendo-me da morte e desejando por minha alma no caminho da salvação , por não saber o que Nosso Senhor de mim quer fazer e quando será servido de me levar para si , faço este meu testamento na forma seguinte :
Primeiramente , encomendo minha alma à Santíssima Trindade , que a criou , e rogo ao Padre eterno , pela morte e paixão de seu unigênito Filho , a queira receber como recebeu a sua , estando para morrer na árvore da Vera Cruz , e a meu Senhor Jesus Cristo , pelas suas divinas chagas , que , já que nesta vida me fez mercê dar seu precioso sangue e merecimentos de seus trabalhos , me faça também mercê , na vida que esperamos , dar o prêmio deles , que é a glória. E peço e rogo à gloriosa Virgem Maria , Nossa Senhora , mãe de Deus , e a todos os Santos da corte celestial , particularmente ao anjo da minha guarda e à Santa do meu nome , queiram por mim interceder e rogar a meu Senhor Jesus Cristo , agora e quando a minha alma deste corpo sair , porque , como verdadeiramente cristã , protesto de viver e morrer na santa fé católica , e crer o que tem e crê a Santa Igreja de Roma , na qual espero salvar minha alma , não por meus merecimentos , mas pelos da santíssima paixão do unigênito Filho de Deus.
Rogo e peço a meu marido , o Capitão Manuel Vieira Sarmento e a meu irmão , Francisco Álvares Correia , por serviço de Nosso Senhor e por me fazerem mercê , queiram ser meus testamenteiros.
Meu corpo será sepultado na Igreja , junto , digo , na Igreja Matriz , junto ao altar de Nossa Senhora do Rosário , no hábito do seráfico padre São Francisco , com todas as cruzes das confrarias que houver na terra.
Mando que se me digam , de corpo presente , duas missas aplicadas a Deus Padre , a Deus Filho e a Deus Espírito Santo ; mando mais se me digam três missas a Nossa Senhora do Rosário ; mando mais se me digam três missas a São Francisco ; mando mais se me digam quatro missas , duas ao anjo da minha guarda , aplicadas por minha alma , e as outras duas pela alma de meu pai.
Declaro que sou filha legítima de Francisco Álvares Correa e de Guiomar de Alvarenga , e declaro que sou casada , nesta Vila de São Francisco das Chagas [Taubaté] , com Manuel Vieira Sarmento , em face da Igreja , e que tenho , do dito Manuel Vieira Sarmento , sete filhos , que são meus herdeiros , convém saber :
- Joana de Castilho , a qual é casada com Antonio Delgado de Oliveira , a qual está inteirada de seu dote , e sendo que se lhe deva , se lhe pague de minha fazenda ,
- Belquior ,
- Leonor ,
- Ana ,
- Páscoa ,
- Gaspar ,
- Francisco ,
Os quais são herdeiros na minha fazenda.
Declaro que , em todo o monte , há esta fazenda e mais , a saber :
- Quatrocentas braças de terras , donde temos o nosso sítio , junto à Vila ,
- Mais um pedaço de terras no caminho do mar , não sei quanto é , reporto-me ao que meu marido disser ,
- E uns chãos nesta Vila , que também me reporto ao que meu marido disser ,
- E também possuímos entre ambos vinte peças do gentio da terra.
Declaro que entre nós há umas dívidas , as quais meu marido sabe parte delas , as quais mando se paguem.
Declaro que foi meu casamento com dote , e conforme a isto se partirá entre mim e meu marido todo o monte , e porque , digo , que , do que legado ficar em meu quinhão , se fará terça , e dela se darão as esmolas que se acharem neste meu testamento e mais sufrágios que nele aplico por minha alma , e o remanescente da dita terça deixo a minha filha Páscoa. Deixo um vestido meu de camelão preto de Igreja à mais pobre órfã que houver nesta terra , pelo amor de Deus.
Declaro que criei uma mulatinha que nasceu em minha casa , filha de uma mulata minha por nome Dorotéia , a qual mulata dei em dote a minha filha Joana de Castilho , a qual rapariga se chama Lucrécia , e dizem ser filha de homem branco , a qual deixo forra por desencargo de minha consciência , a qual dita menina mando se entregue a minha filha Joana de Castilho , e se lhe aparecer pai , lhe pagará a criação , e não aparecendo pai , poderá servir-se dela durante sua vida da dita minha filha , e , por morte de minha filha , poderá a dita mulatinha ir buscar sua vida por donde quiser.
Declaro que , por inadvertência , não pus no capítulo das missas três que devo a Nossa Senhora da Conceição de Tremembé , que prometi por meu marido , quando esteve no sertão , peço ao dito meu marido as faça por mim. E porquanto esta é minha última vontade , do modo que tenho dito , rogo e peço às justiças de Sua Magestade , assim eclesiásticas como seculares , façam cumprir este meu testamento assim e da maneira que nele se contém. E se , por algum defeito , não valer como testamento , valha como codicilo e por ele derrogo outro qualquer testamento que haja feito antes deste. E por ser minha última vontade , roguei a Domingos Álvares Ferreira este por mim fizesse e assinasse no dia , mês e era acima declarados. Assino a rogo da testante , Maria Moreira , Domingos Álvares Ferreira , por não saber escrever.
Saibam quantos este público instrumento de aprovação de testamento virem que , no ano de nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil e seiscentos e setenta e quatro anos , aos onze dias do mês de Dezembro do dito ano , nesta Vila de São Francisco das Chagas [Taubaté] , em casas e moradas de João Delgado de Escobar , onde eu , público tabelião adiante nomeado , fui chamado , e sendo lá , achei Maria Moreira , estando presente em cama , doente de doença que Deus Nosso Senhor foi servido dar-lhe , mas em seu perfeito juízo , segundo mostrava , logo de sua mão a minha me foi dado este papel , escrito em meia folha dele , que fazem duas laudas e acaba com seis regras , acima dizendo era seu solene testamento , que o mandara escrever por Domingos Álvares Ferreira e , depois de escrito , o mandara ler. E por estar a sua vontade e assim como ela testadora por si o ditou , por ela assinou a seu rogo o dito Domingos Álvares Ferreira , e queria se cumprisse e não outro algum que antes dele haja feito , e pede e requer às justiças de Sua Alteza , o príncipe Nosso Senhor , lho cumpram e façam cumprir assim como nele se contém , porquanto o referido nele é sua última e derradeira vontade. E requereu a mim , tabelião , lho aprovasse , porquanto ela o aprovava e ratificava , por bem do que tomei de sua mão o dito testamento , que está limpo , sem vício nem entrelinha alguma , e lho aprovei e hei por aprovado na forma que por direito lho posso aprovar , e a seu pedido fiz esta aprovação , que assinou e aceitou , estando presentes Miguel de Almeida , Paulo Vieira , João Vieira da Maia , o Capitão Sebastião de Freitas , Jerônimo Correa , Francisco Borges Rodrigues e Antonio de Barros Freire , todos moradores nesta Vila , que assinaram com a dita testadora. E por ela não saber assinar , assinou a seu rogo Domingos Álvares Ferreira. Sebastião Martins Pereira , tabelião , o escrevi e assinei em público. Assino a rogo da testadora , Maria Moreira.
Domingos Álvares Ferreira.
João Vieira da Maia.
Sebastião de Freitas.
Miguel de Almeida da Cunha.
Paulo Vieira da Maia.
Jerônimo Correa.
Francisco Borges.
Sebastião Martins Pereira.
Antonio de Barros Freire.
Cumpra-se como nela s e contém.
São Francisco das Chagas [Taubaté] , 26 de Janeiro de 675 anos.
Antonio de Barros Freire.
Cumpra-se como nela se contém.
Hoje , 17 de Janeiro de 1675 , o padre Pereira.

Testamento de Maria Moreira , aprovado por mim , Sebastião Martins Pereira , cosido com linha branca dobrada , com cinco pontos e fechado com cinco pedaços de obreia.
São Francisco das Chagas [Taubaté] , onze de Dezembro de seiscentos e setenta e quatro anos ,
Sebastião Martins Pereira.

[Recibo 1]

Recebi um vestido de mulher do Capitão Manuel Vieira Sarmento , que sua mulher deixou de esmola por sua morte , e o dito capitão deu o dito vestido a mim , Luzia Nunes , de que lhe passei esta quitação para seu desencargo e pedi a Pedro Dias Fernandes esta passasse e assinasse para mim , hoje , 8 de Dezembro de 1678 anos.
Luzia Nunes.
Pedro Dias Fernandes.
Diogo Moreira.

[Recibo 2]

Estão pagas as quatro cruzes que acompanharam a defunta Maria Moreira , mais pagou a esmola de três missas de corpo presente , e as duas patacas de meu acompanhamento , e a missa do saimento do Frei Jerônimo , e as demais missas do testamento , que pagou meu compadre , o Capitão Manuel Vieira Sarmento. Hoje , 8 do mês de Novembro de 1678.
O padre Diogo Luís Pereira.

Título de peças forras

Miguel e sua mulher Laurênia , com duas filhas e um filho ; Afonso , Graça , peça ; outra filha , cria ; o rapaz , cria ; a rapariga Violante , o rapaz Tomé , filhos todos de Miguel.
Apolônia , solteira , com duas crias : Domingos e Bagana.
Graça , solteira ; Laura , solteira ; seu filho Roque , peça.
Outro rapaz , André , seu filho ; outro Fabio , cria.
Tomásia , solteira , com dois filhos e uma filha ; Lizardo , peça ; Vicente ; Gabriel , cria ; Luzia , peça , todos filhos. Declaro que Vicente é peça ; André e sua mulher Ventura ; Gregório , solteiro ; Sebastião , peças solteiras ; Jacó e sua mulher com duas crias , e por serem tapuias , não serem batizados , não tem nome ; Aleixo , solteiro ; Domingas , solteira ; Isabel , solteira.

Dívidas que se devem ao casal

Um conhecimento que deve João Moreira , morador na cidade do Rio de Janeiro 16$000.

Dívidas que o casal deve

A Antonio Gonçalves Veloso 22$000.
A Bento Gil de Siqueira 16$000 com seus ganhos , ou o que na verdade se achar.
A Belquior Jorge de Castro , por dois conhecimentos 41$360.
A João Mendes 10$000.
Ao Muri , na Vila de Santos 3$200.
A um órfão a ganhos , filho de Sebastião Luís , ou o que na verdade se achar 8$000.
De resto de dote a sua filha Joana de Castilho , um vestido de Igreja , mais umas anáguas de baeta , três colheres de prata , uma tamboladeira e um pavilhão ; declarou mais dever um anel de ouro , um manto de seda e um par de brincos de ouro.
Ao padre Domingos Gonçalves Padilha 8$400.
A Jose de Castilho 5$000.
A Domingos Dias de Oliveira 20$000.
Mais a um órfão 9$585.
Mais a ganhos , noutro inventário com ganhos 9$300.
Deve mais o dito a seu sobrinho , Francisco Felix 24$600.
A Tomás Romeiro 4$000.

Termo de orçamento dos bens lançados neste inventário

E logo nos cinco dias do mês de Junho de seiscentos e setenta e cinco anos , nesta Vila de São Francisco das Chagas [Taubaté] , em casas do viúvo , o Capitão Manuel Vieira Sarmento , trazendo o dito juiz por partidor a Henrique Vieira da Cunha , ao qual deu juramento dos Santos Evangelhos , com Belquior Jorge de Castro , que fizessem orçamento da fazenda lançada neste inventário e que , tiradas as dívidas , fizessem partilhas entre o viúvo e seus filhos menores , o que prometeu fazerem , conforme Nosso Senhor lhes desse a entender , de que fiz este termo. Sebastião Martins Pereira , escrivão de órfãos , o escrevi.
Henrique Vieira da Cunha.
Antonio de Barros Freire.
Belquior Jorge de Castro.

Acharam montar a fazenda lançada neste inventário vinte e sete mil e seiscentos e quarenta reis , conforme consta das adesões atrás , de que fiz este termo. Sebastião Martins Pereira , escrivão dos órfãos , o escrevi.

Achou-se montar as dívidas duzentos e seis mil cento e setenta e seis reis , que , abatidos trinta e sete mil seiscentos e quarenta reis , ficam de dívidas , digo , duzentos e dez mil e duzentos e cento e setenta e seis reis , que são os bens que se acharam tão poucos , e as dívidas serem duzentos e dez mil e cento e sessenta reis , que fica a dever de dívidas cento e oitenta e dois mil e quinhentos e trinta reis. Sebastião Martins Pereira , escrivão dos órfãos o escrevi.

Termo de como citei a Antonio Delgado de Oliveira , genro do dito capitão Manuel Vieira Sarmento

E logo eu , tabelião , citei , em sua pessoa , a Antonio Delgado de Oliveira , se queria entrar a colação , e o citei em sua pessoa , de que dou minha fé , e deu-me por resposta que não queria nada , de que fiz este termo. Sebastião Martins Pereira , escrivão dos órfãos , o escrevi. Sebastião Martins Pereira.

E logo mandou o dito juiz aos partidores fizessem partilhas das peças entre o viúvo e seus filhos menores , tirando primeiro das ditas peças as dívidas que o casal deve , visto não haver outros bens para se pagarem as dívidas ; tiraram-se para se pagarem as dívidas Miguel e sua mulher Laurênia , sua filha Águeda , com duas crias , filhos do dito casal , Tomásia com quatro filhos , três já peças , Sebastião peça , Apolônia com duas crias , as quais se entregaram ao dito viúvo , Manuel Vieira Sarmento , e se obrigou a pagar as dívidas , de que fiz este termo , em que assinou com o dito juiz. Sebastião Martins Pereira , escrivão dos órfãos , o escrevi.
Manuel Vieira Sarmento.
Freire.

Termo de partilha das peças do gentio das terras

Acharam os partidores que , tiradas as dívidas , ficaram para se partir entre o viúvo e seus filhos menores quinze almas que , partidas , digo , onde entram onze peças e quatro crias que , partidas pelo meio , coube ao viúvo : Jacó e sua mulher , Aleixo , peça , sua filha Domingas , peça , e duas crias , filhas de Jacó ; Graça. E deste modo foi o viúvo inteirado de sua metade e entregues ficam seis peças com duas almas , tirada da terça : Laura e seu filho Roque , as quais se entregaram ao viúvo , de que fiz este termo , que assinou o dito viúvo com o dito juiz. Sebastião Martins Pereira , escrivão dos órfãos , o escrevi.
Freire.
Manuel Vieira Sarmento.

Ficaram para os órfãos que , por serem muitos e não alcançarem quatro peças e duas crias , convém a saber : André com sua mulher Ventura , Gregório, Isabel , André e Fábio , almas que vem a fazer as seis , que tudo se entregou ao dito viúvo. E desta maneira houveram os ditos partidores e juiz por feitos , de que mandaram fazer este termo , que o dito viúvo assinou com o dito juiz.
Freire.
Manuel Vieira Sarmento.

Vistos estes autos de inventário , partilhas feitas entre o viúvo e mais herdeiros seus filhos , terça tirada para os legados e o restante para a menor Páscoa , os hei por feitos e acabados ; e sendo haja algum erro , a todo tempo mando se desfaça.
São Francisco das Chagas [Taubaté] , 5 de Junho de 675 anos.
Antonio de Barros Freire.

Certifico eu , o padre vigário desta Vila de São Francisco das Chagas de Taubaté , o padre Diogo Luís Pereira , em com estou pago e satisfeito da esmola das missas que deixou a testadora se lhe dissessem , tirando três missas que manda se lha digam à Senhora da Conceição e uma ao Bom Jesus , e já estão ditas aos que digo acima , e me pagou a Cruz da Igreja , e a da Senhora , e de São Francisco , e das almas. O tesoureiro Francisco Álvares , das almas , disse que o cobraria. E por se passar assim na verdade , passei esta certidão de minha letra e sinal. Hoje , 28 de Junho de 1675 , o padre Diogo Luís Pereira.

Aos sete dias do mês de Dezembro de mil seiscentos e setenta e oito anos , estando visita o muito reverendo senhor , o Licenciado Antonio Nunes de Siqueira , nesta Vila de São Francisco das Chagas [Taubaté] , lhe foram apresentados estes estes autos de testamento e inventário de Maria Moreira , os quais fiz conclusos ao dito senhor , , do que fiz este termo de conclusão , eu , o irmão Paulo de Godoi Mendonça , escrivão da visita , que o escrevi.
Vista ao promotor , 7 de Dezembro de 1678 anos.
O Visitador Siqueira.

E logo , em virtude do despacho acima do senhor visitador , dei vistas destes autos ao promotor , para que responda , do que fiz este termo , eu , o irmão Paulo de Godoi Mendonça , que o escrevi.

Vista ao promotor

Maria Moreira faleceu com testamento , o qual está cumprindo seu testamenteiro , o Capitão Manuel Vieira Sarmento , seu marido. Visto ter satisfeito , manda , por sua inocência , desobrigá-lo.
São Francisco das Chagas [Taubaté] , 7 de Dezembro de 1678.
O promotor.

Foram entranhados estes autos com a resposta do promotor , os quais fiz conclusos ao senhor visitador , e fiz este termo de conclusão. Eu , o Irmão Paulo de Godoi Mendonça , que o escrevi.
Vistos estes autos , quitações e mais papéis juntos à resposta do promotor , mostra-se ter o testamenteiro satisfeito , mando que nenhuma justiça eclesiástica ou secular se entenda mais com ele , com pena de punição , visto ter satisfeito neste recesso competente.
São Francisco das Chagas [Taubaté] , 9 de Dezembro de 1678 anos.
O visitador , licenciado Matheus Nunes de Siqueira.

Visto em correição : nos próprios autos de inventário não se assina. O escrivão mostra ao visitador eclesiástico os testamentos que lhe tocam , os quais manda autuar , para deles tomar conta. Taubaté , 9 de Junho de 1727.
Silva. (Do original sob a guarda do Arquivo Histórico Dr. Félix Guisard Filho de Taubaté).



Cap. V – Joana de Castilho

Joana de Castilho , filha do Alcaide Mor Manuel Vieira Sarmento e de sua mulher Maria Moreira , nascida por 1653 , casada cerca de 1667 com o capitão Antonio Delgado de Oliveira , batizado em São Paulo a 31 de Setembro de 1648 (Sé livro fls 50) , filho de João Delgado de Escobar (juiz ordinário e de órfãos em Taubaté em 1661) e de sua mulher Domingas Lobo (casados em São Paulo a 15 de Agosto de 1639) , creio irmã do capitão Alberto Lobo (juiz ordinário em Parnaíba em 1632 , 1642 e 1651 ; n.p. de Antonio Delgado de Escobar , sesmeiro e pessoa da governança em Mogi das Cruzes , e de sua mulher Beatriz Ribeiro e n.m. de Alberto Sobrinho e de sua mulher Joana Lobo , que deve ser irmã do Cap. Bartolomeu Antunes Lobo , juiz ordinário em Angra dos Reis em 1625 (Inv. Test. , VII , 155 , XIII , 129) - pessoa nobre e de qualidade (Sesm II , 23 e 82) ambos filhos do cap. Manuel Antunes , lugar-tenente do Senhor Lopo de Souza , donatário da Capitania de São Vicente (Sesm. I , 202) e de sua mulher Clara de Oliveira Lobo (Título Oliveiras).
O Capitão Antonio Delgado de Oliveira exerceu em Taubaté os cargos de Juiz Ordinário e de órfãos em 1689 e 1701 (AHMFG).[Sigla AHMFG : Arquivo Histórico Municipal Felix Guisard]
Teria falecido nesta vila sua mulher.

Deixaram , ao menos , os seguintes filhos , naturais de Taubaté :

1) Maria Moreira , nascida cerca de 1668 , Cc Manuel Gil Cubas

2) João Delgado de Oliveira , cc Paula da Veiga , que segue no cap. seguinte
.
3) Joana de Castilho , n. por 1667 , Cc João da Costa , procurador do sogro em Taubaté

4) José , bat. a 6/9/1690

5) Antonio , bat. pelo padre João de Faria Fialho , a 14 de Janeiro de 1694 , teve como padrinhos Antonio Correia de Abreu e Ana Ferreira. Foi referido na Genealogia Paulistana , por engano , como o casado com Paula da Veiga , acima mencionada.

6) Gaspar , bat. a 13 de Janeiro de 1696


Cap. VI – João Delgado de Oliveira

Nasceu João Delgado de Oliveira por 1675 em Taubaté , SP. Casou-se com Paula da Veiga por 1697.
Deixaram , ao menos , um filho de mesmo nome.


Cap. VII – João Delgado de Oliveira , filho

João Delgado de Oliveira , filho de outro de mesmo nome , nasceu em 1698 em Taubaté , SP. Faleceu em 14/01/1752 em Ibertioga , atual Bertioga , MG , onde foi sepultado.
Foi cc Maria da Luz , natural de Taubaté , falecida por 1740.
Deixaram os seguintes filhos :

1) Maria de Oliveira , nascida por 1727 , que segue

2) Bernardo de Oliveira , nascido por 1731 , foi inventariante , em 1752 , de seus pais falecidos em Bertioga , MG. Inventário arquivado no Museu Regional de São João del Rei , MG.

3) Antonia da Luz , nascida em Taubaté , SP , em 1736 , foi casada na Capela de Santo Antonio da Bertioga, Borda do Campo, MG , aos 03/08/1753 , com Jose Rodrigues Lopes , natural da freguesia de Santa Maria de Sobreposta , Arcebispado de Braga , Portugal.


Cap. VIII – Maria de Oliveira

Natural de Taubaté , SP , nascida em 1727. Casou-se com Manoel Moreira dos Santos aos 22/08/1752 na Matriz de Nossa Senhora da Piedade de Barbacena, MG. Ele , natural da Aldeia de Framil da freguesia de Canedo , Aveiro , Portugal , batizado aos 16/04/1713 na Igreja de São Pedro de Canedo.

Deixaram , pelo menos , os filhos seguintes :

1) Vitória Maria de Oliveira , nascida aos 21/07/1743 em Barbacena , MG. Casada aos 11/06/1768 com Antonio de Souza Barbosa.

2) Hipólito Moreira dos Santos , nascido aos 13/08/1750 na Glória , atual Simão Pereira , à época , pertencente à Borda do Campo (Barbacena) , MG. Foi batizado na Capela da Glória aos 29/08/1750. Casou-se aos 11/01/1778 na Matriz de Nossa Senhora do Pilar de São João del Rei , MG , com Maria Vicência Alves de Jesus , nascida em Barbacena em 1759 , filha de Domingos Alves Calheiros e de s/m Ignácia Maria do Rosário. Faleceu Hipólito Moreira dos Santos no Sertão do Rio Pardo , em Caconde , SP , aos 18/10/1818 , conforme seu inventário.
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.3) Vitoriano , nascido aos 06/03/1753 em Bertioga , MG , onde foi batizado na Capela de Santo Antonio da Bertioga aos 14 dias do mesmo mês e ano , foram padrinhos Manoel de Azevedo Matos e sua mulher Antonia Ribeira.

4) Simão Alves Moreira , nascido por 1765 , casado aos 19/05/1790 na Capela do Turvo com Rosa de Seixas Ribeiro de Aiuruoca , MG , filha de Antonio Seixas Ribeiro de São Miguel das Caldas do Arcebispado de Braga e de s/m Rosa Maria Pires natural de Prados , MG. Faleceu Simão Alves Moreira em Fevereiro de 1807 em sua Fazenda da Serra do Turvo, freguesia de Aiuruoca , Vila de Campanha , MG.

Os descendentes de Maria de Oliveira e seu marido Manoel Moreira dos Santos , estão descritos no Capítulo III do seguinte Blog : http://moscosobarbacena.blogspot.com/ e por Hipólito Moreira dos Santos , capítulo IV do Blog : http://coura-ibitipoca.blogspot.com/


[em construção]

Um comentário:

  1. Antônia da Luz vicou viúva de José Rodrigues Lopes em princípio de 1758. Em 1769 já se achava casada, pela 2ª vez, com Luiz Pires Mundim.
    Ela teve 2 filhos do 1º matrimônio e 7 do 2º.
    Sou descendente de Luiza, filha do 2º.

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